Ele
renasceu. Renasce todos os dias. Bravo, guerreiro, forte. Depois da primeira
cura, a rotina de saber se venceu cada batalha, se o inimigo desistiu de pregar-lhe
os sustos. Não se rende, embora o medo – sentimento possível de existir em
qualquer pessoa normal – às vezes o tente: “homem não chora”, dizem-lhe as
tentações. Prende o choro, respira fundo. E segue a vida, ora alegre, ora
triste, como a vida é vivida. Ah, Pedro, também não vivemos nós assim?
Pedro é
pedra, é rocha. Sua mãe decidiu dar-lhe o nome ideal, instintivamente. Pedro é
firme. E Deus está provando isto: todos os que convivem com ele percebem...
Um outro se
chama Victor. Ainda não nasceu, mas já é vitorioso. Surgiu como um milagre,
ainda que sua mãe não se lembre do momento do sussurro dos anjos. E como
milagre “vingou”, e descansa junto com sua mãe, aguardando a hora de conhecer o
mundo. Enquanto ficam os dois juntos, dia e noite, noite e dia repousando,
Victor vai ensinando à sua mãe coisas sobre a paciência, a resignação, a força de
vontade: que fraco pode ser vencedor?
Aqui em casa
possuo o inestimável, o que não tem preço: do meu ventre, saiu Antônio! Hoje,
aos oito anos de idade é, ainda, meu professor. Um professor de sentimentos.
Antônio controla-me os impulsos (“calma, mãe, se concentra!”), diz-me coisas de
Deus. Na ingenuidade de criança, é o meu porto seguro, e nem sabe! Inestimável
é o significado do nome Antônio.
Nossos
filhos nos ensinam sobre a vida. Vêm ao mundo para isto, cada vez creio mais!
Pedro, Victor, Antônio, que seríamos de nós, suas mães, sem eles? Nada
saberíamos sobre esperar.
Vida de mãe
é vida de culpa, de dor, de espera. Foi assim desde Maria: depois do “sim”, que
lhe restou, senão obedecer, aceitar, calar, esperar?... Mas Deus, conhecedor de
cada coração, deu Pedro à pessoa certa, e assim o fez com Victor e com Antônio.
Obrigada, Senhor!
Hoje, na
rotina da minha vida, convivo com essas três experiências. Vejo um homem,
resultado da presença de sua mãe em sua vida, reagir diante do que se imagina
incurável... Onde encontra a fortaleza? E, embora fuja muitas vezes dela –
talvez para amenizar-lhe o sofrimento – sabe, perfeitamente, visceralmente,
onde encontrá-la: (a)braços de mãe, chão. E sabe que, ainda que um papel lhe
diga não, o sorriso nos lábios de um rosto com olhos tristes lhe dirá, para
toda a vida “sim”. Que há de melhor e mais sublime do que um “sim” de mãe?
Neste tempo
em que passam juntos – nunca tão juntos! – Victor vai descobrindo a mãe que
tem, e não o contrário. Não, não somos nós a descobrirmos as façanhas de nossas
crias. Muito antes disto, eles nos conhecem perfeitamente. Victor segue, pondo
por terra todos os planos de rotina de trabalho, de obras, de idas e vindas de
sua mãe. Victor revela que o importante é ele, que a prioridade é ele, e que se
sua mãe dedicar a ele as vinte e quatro horas do seu dia, terão todo o tempo do
mundo para fazer o resto! Victor ensina sua mãe a amar, incondicionalmente. E
aquela impaciência de mulher de outrora cede espaço para a mãe que, aconchegada
na cama, espera a vinda do conquistador...
Eu tinha
trinta e sete anos e achava que já sabia de quase todas as coisas. Sabia tanto,
que nem pensava em ser mãe. Mas uma maravilhosa “rasteira” divina me mostrou
num papelzinho escrito POSITIVO quem é que sabe de todas as coisas. E hoje,
quando olho para Antônio, saudável, cheio de energia, inteligente, sagaz, humano,
bom, generoso, agradeço muito a Deus, porque jamais imaginara ser, aos olhos do
Senhor, digna de um filho assim.
Eles são.
Pronto. Pedro, Victor e Antônio são. Estão aí, estão no mundo, enviados por
Deus a cada lar já predestinado. São filhos dEle, do Amor maior de Deus por
nós. Delegadas fomos, por Ele, a cuidar para que se tornem pessoas do bem.
Fazemos nossa parte, com toda a culpa, a dor, a espera de sermos mães. Nossos
filhos são nossas alegrias! Com eles aprendemos verdadeiramente a viver!
Amadurecemos com cada sofrimento, com cada cansaço – e que cansaço! – com cada
noite mal dormida. E Deus nos estende a mão em cada tropeço, porque se alegra
de nossa perseverança.
Pedro se
curou e se cura todas as vezes em que sua mãe, numa intimidade que só as mães
têm com Deus, pede por ele. Victor está no ventre de sua mãe, aguardando a hora
de sua chegada, só porque sua mãe pediu a Deus por ele. Da mesma forma, Antônio
é o que é na minha vida porque, em todos os momentos entrego a Deus o filho que
gerei para Ele.
Que Nosso
Senhor abençoe nossas crianças – eis o que há em comum nos três – e as crianças
de todas as mães que se encontrarem nesta história. Que prossigamos com força,
com fé, com coragem, com discernimento, com amor, cuidando de nossos filhos, e
que lhes sirvamos de exemplo para a condução de suas vidas.
Eu queria
falar de Amor. De Gratidão e de Fé. Espero ter conseguido.
Amém.
karla Pontes, somente uma mãe pode falar sobre Amor, Gratidão e Fé. Perfeito seu texto.
ResponderExcluirObrigada, Nícia! :)
ExcluirEmocionante.
ResponderExcluirQue bom que gostou, Rozangela!!! :)
ExcluirAmor,Gratidão,Fé, difícil definir porém vc. foi de uma sutileza incrível. Parabéns foi emocionante!!!
ResponderExcluirBethy, que bom vê-la por aqui!!! Obrigada pelo carinho de suas palavras! :)
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