quinta-feira, 19 de abril de 2012

Chefes podem ser bênçãos

(Elas me estenderam o abraço na hora em que eu mais precisava. E são minhas chefes!)


Há pouco menos de um mês algo em minha vida começou a mudar. Um telefonema fazia chegar aos meus ouvidos e ao meu incansável sonhador coração uma notícia boa: era chegada a hora de um novo desafio profissional.
Experimentei todas as emoções possíveis em breves minutos de conversa ao telefone. E tudo senti: medo, alegria, incerteza, orgulho... Descobri que quando a gente está sob o impacto desse misto de emoções fortíssimas, a gente é tudo ao mesmo tempo, e ao mesmo tempo não é nada.
O telefonema aconteceu quando eu estava no trabalho, numa tarde de sexta-feira. E aquele fim de semana não foi suficiente para que eu me acalmasse. Passei dois dias em casa ruminando ideias, sonhando possibilidades, sorrindo para o espelho, nervosa diante de um convite que, se aceito por mim, representaria uma grande responsabilidade.
Fragilizada pela confusão que os sentimentos fizeram no meu corpo, preparei-me para compartilhar a novidade com colegas de trabalho. Eu tinha dois obstáculos, no entanto: em primeiro lugar, o novo desafio provocaria mudanças no ritmo de trabalho de outras pessoas. Em segundo, eu contava com uma porcentagem, ainda que mínima, de chance de o fato não se concretizar.
Diante disto lá fui eu, preparar os colegas para um futuro – bem ali à porta – que me acenava mudanças radicais.
Costumo me chamar de Dona Aranha, apelido carinhoso que dediquei a mim mesma depois de perceber a total identificação da minha vida com as letras da musiquinha que tanto cantei com meus alunos nas salas do pré-escolar: eu, a Dona Aranha, a persistência em subir, apesar das quedas por conta da chuva fina...
Quando compartilhei a “novidade” pela primeira vez, recebi de Cláudia Lacerda meu primeiro abraço. Um sorriso que é só dela revelava a alegria da minha amiga com a notícia. Cláudia estava feliz porque sabia que eu estava feliz também. Cláudia Lacerda é minha chefe. Algumas vezes depois desse dia nós nos encontramos nos corredores do local do trabalho e nos demos as mãos: companheirismo. Cláudia sempre me perguntava como eu estava, quanto tempo faltava para as coisas acontecerem verdadeiramente... Olhar atento, esperançoso, alegre... Jamais esquecerei. Obrigada, Cláudia Lacerda!
As coisas verdadeiramente aconteceram, e há dois dias recebi de Laura Barreto o abraço abençoador. Foi colo de mãe, foi consolo, foi amizade, foi calmaria, foi parceria, foi humildade, foi mão estendida num momento em que minha cabeça já não mais funcionava como outrora. Eu entrei tão pequena no gabinete onde trabalha aquela mulher enorme, fortaleza, procurando ansiosa, envergonhada, sem graça, por um aceno de perdão. E encontrei uma mulher como eu, desprovida de vaidades, que não me negou a oportunidade de tentar sonhar.
Talvez Laura (que nome lindo!) não tenha nem se dado conta do quanto deixou-me emocionada naquele encontro... Mas nos dias que me restam para viver lembrarei dele. Sentada à mesa, postura de professora – havia até uma maçã, estrategicamente posicionada ao seu lado esquerdo! – ensinou-me que a vida é isto, simples assim: oportunidades, que não devemos jogar fora. Sorriu, brincou, orientou-me, emocionou-se, também, ao contar um pouquinho de sua história... Recebeu-me no final do expediente como se eu fosse seu primeiro atendimento, com a mesma paciência, embora seus olhos já revelassem cansaço. Obrigada, Laura Barreto!
Eu saí do gabinete da minha chefe revigorada, outra pessoa. Laura despediu-se de mim com um abraço apertado do qual por uns instantes não quis me desprender. E me disse palavras de fé, confiança, otimismo e esperança. Foi bênção.
Hoje, ao abrir por rotina a caixa de entrada dos e-mails, Deus me revelou, pela Internet, que está comigo: Lá estava Tania Ávila a abençoar-me com palavras lindas de uma amiga (para sempre amiga) de quem quer o meu bem. Eu li uma, duas, três vezes, até me convencer de que as merecia. Eram como um abraço, como mãos estendidas num adeus, mas recheadas do afeto e do carinho da saudade que se sente quando se gosta de alguém. Inexplicável identificação ouso ter com Tania, desde o primeiro dia em que a vi. Tania é minha chefe, também. Obrigada, minha amiga!
Passei por aqui para dizer que chefes podem ser bênçãos. Se alguém duvidar, tenho minha vida por testemunha. Vim agradecer às três, em especial, porque me deram exatamente aquilo que eu mais precisava: o abraço que abençoa, o movimento de compartilhar a crença de que tudo dá certo no final das contas, quando este tudo está por conta de Deus.
Deus está comigo, e sei que pouco mereço. Mas Ele é persistente. Deus é meio Dona Aranha, também. E quando a chuva – fina ou forte, cada um canta de um jeito – me derruba na subida, Ele estende-me abraços como o de Cláudia, o de Laura, o de Tania.
E eu só queria isso. Mais uma vez, por mais esta vez, obrigada, Senhor!

4 comentários:

  1. Karla
    Os desafios servem para buscarmos crescimento. Acredito em você, no seu profissionalismo, sua dedicação e sobretudo na sua competência... Estou feliz por você e confiante que DIAS MELHORES VIRÃO! Conte sempre comigo. Boa sorte!

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    1. Eis o que precisamos, amiga: da certeza de que poderemos contar com gente como você. Obrigada!

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  2. Senti sua falta quando fui ao Detep semana passada.
    Que Deus continue a iluminar o seu caminho,pois você é uma pessoa extraordinária.
    bjs,Iracy

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    1. Obrigada, Iracy. Estamos mesmo precisando disto: de gente que deseje que Deus nos abençoe. Bjs.

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