domingo, 8 de janeiro de 2012

Antônio (Parte I)

(Sobre a chegada de Antônio na minha vida... Um pouco da rotina de um acontecimento especial!)


Do exame à Maternidade
Antônio surgiu na minha vida como um POSITIVO no papel do exame de sangue. O exame eu fiz a pedido do pai dele, uma vez que eu nem imaginava estar grávida: tudo inalterado comigo, inclusive “naqueles dias...” Foi porque, durante um jantar, comi mais do que de costume. Digamos que o dobro. E ainda saí um tanto insatisfeita do restaurante.
Eu não tive a alegria de abrir o envelope. O do laboratório. O pai de Antônio foi junto comigo, e a atendente solicitou-nos retornar às 16h. Ele foi antes de mim. Quando entrei no carro pensando estarmos a caminho, ele apresentou-me o papel, já aberto.
Quem sabe descrever o que se sente ao ler a palavrinha POSITIVO num momento desses? Susto, temor, alegria, desespero, aflição, incerteza...
Eu não esperei por Antônio. Na minha vida não havia mais lugar para filhos. Trinta e sete anos, dona do meu nariz... O medo de que meus pais não fossem ser avós já tinha passado, porque Katia, minha irmã, já havia dado à luz Miguel. Garoto lindo, abençoado, primeiro filho, primeiro neto, primeiro sobrinho, depois de quase treze anos de espera. Pronto, Miguel chegou, não há mais necessidade de crianças por aqui.
Mas Deus quis que Antônio surgisse na minha vida. E ele chegou bagunçando tudo o que havia de mais ordenado em mim: minha cabeça, meu coração. No primeiro dia das férias de julho, a notícia da gravidez. Fomos os dois, eu e o pai dele, contar a novidade para a família, em São Gonçalo. Que viagem longa! Como começar? O que pensariam? O que diriam? Ensaiamos. Dissemos. Silêncio profundo e longo seguido de um “parabéns” desajeitado.
Eu não quis me casar. Foi difícil pros meus pais entenderem isto. Mas não hesitei diante da opção de viver só com meu filho. Depois de ter passado por um casamento mal sucedido poucos são os que arriscam novamente. E eu não quis arriscar.
De volta a Iguaba, depois da primeira consulta médica oficial e do repouso sugerido de cinco dias, agosto chegou e eu retornei ao trabalho gravidíssima, linda, barriguda, feliz da vida! Até hoje tem gente que não entende como eu saí de um jeito da escola e voltei de outro. Mas é a pura verdade: eu descobri a gravidez na 13ª semana. Antônio pronto, perfeito na ultrassonografia: cabeça, tronco, mãos e pés. Exatamente como papai. Ali eu já sabia que seria um menino, embora fosse cedo demais para o médico saber. Que médico, que nada! Eu sabia, bastava!
Curti a barriga como ninguém. Fotos, praia (eu fui uma grávida extremamente bronzeada), roupas... Engordei nove quilos. E vivia me queixando das primeiras semanas em que ele já estava comigo e eu não sabia... Ah, perdi a oportunidade! Queimei essa etapa, as dos primeiros dias!...
Quando soube pela ultra que era um menino, fiquei muito feliz. É verdade que a torcida lá em São Gonçalo era por uma menina, uma vez que Miguel já estava conosco. Mas nem liguei. Antônio estava tão consumado que não havia possibilidade diferente. Eu já havia pensado no nome: Francisco. Mas o pai não gostou, e chegamos ao consenso de ANTÔNIO. Lindo nome, que significa “inestimável”. Torci durante um tempo para que fossem gêmeos, pra eu ter Francisco comigo, mas não deu.
Consultas regulares com o ginecologista-obstetra e a guia de internação às mãos: a hora chegara! Cheguei em casa, liguei pra minha mãe. Ela desejou-me sorte, disse que “era assim mesmo”, o que não ajudou muito pra que eu me acalmasse. Eu fui à Igreja, pedi ao Padre uma bênção especial, e foi muito emocionante estar ali, sentindo a presença de Jesus e Maria a acolherem a mim e a Antônio. Um pouco mais segura – e totalmente confiante – voltei pra casa, arrumei a mala e partimos, eu e o pai dele, para a maternidade.

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