sábado, 4 de agosto de 2012

Somos todos girassóis

(No meu quintal observo as plantas voltadas para o Sol, mesmo quando modifico a posição dos vasos... Sempre que percebo, também eu estou voltada para ele, o rei. Escrevi sobre esse presente maravilhoso de Deus.)


Plantei azaléias no meu quintal, cantinho perto da garagem. Azaléias são flores de adaptação difícil. As minhas estão lindas. Já estão lá há um ano. Vieram da loja cheia de botões. Todos desabrocharam. Depois foram caindo as flores. Esperei. Escondi dela minha ansiedade. Só cuidei: molhei, tirei as folhas secas, apliquei remédio contra pragas. Ela retribuiu-me com novos botões, novas flores, e folhas verdinhas!
No cantinho onde está a azaléia tenho também buganvilles e vincas. Todas estão floridas, como se a primavera já as estivesse namorando... E eu tenho todas elas tão bonitas, porque neste cantinho eu tenho o Sol.
Hoje acordei extremamente constipada. Levantei-me e fui ao encontro do Sol – estrela maior! – para “ter” com ele, e ver se me curava... Entrei na fila: todas as flores do meu cantinho estavam conversando alegremente com ele.
Somos todos girassóis. Por mais que eu mude os vasos de posição, sempre que observo, os caules estão girando ao encontro do rei. E também não fui eu lá?
É lindo ver a sabedoria da natureza! Lindo ver a troca literal da energia sol X verde acontecendo para que o mundo melhore. Como pode o homem julgar-se melhor que uma vinca, que uma azaléia?
Girassol é a flor que assumiu seu amor, sua dependência total pelo calor do rei. Recebeu, pois, este nome. Todas as plantas poderiam tê-lo recebido. Não estão todas elas, sempre, voltadas para sua fonte de energia?
Amo o Sol! É meu amigo, meu parceiro. É quem me lembra da existência de Deus. Existência física, verdadeira, magnânima. O Sol é um presente de Deus. Uma aliança, quase como o arco-íris. E promete vida longa aos que dele necessitam para viver.
Imaginando olhar a Terra na perspectiva do Sol, ela deve apresentar seu verde inteiro numa só direção. Que prosa o nosso astro rei deve ficar... E, a despeito das rotações e translações da Terra, para onde quer que o Sol olhe, verá sempre suas plantinhas – todas girassóis – a admirá-lo, segui-lo, apaixonadas!
Bobagem, mesmo, pensar um dia que o Sol é que girava ao redor da Terra. Até ela, o nosso planeta, é um girassol também.
Hoje aqui em casa tudo está à sua procura: as roupas no varal, as cadelinhas de banho tomado, eu desejando a cura para a gripe, Antônio com sua caixa de brinquedos, as toalhas de prato de molho no cloro e meus girassóis travestidos de azaléias, buganvilles e vincas. Nas minhas duas amendoeiras, andorinhas apresentam o rei aos filhotinhos (ou o contrário, quem sabe?) e me parece que eles já sabem que é preciso tomar dele um pouco de calor... É a simplicidade da vida acontecendo. Obrigada, meu Deus!
Nesse pouco da vida – que pra mim é tanto! – vou vivendo. Mostrando a Antônio o que há de mais bonito: o beija-flor espalhando os tons de cores pelo ar enquanto sacode as asas e mexe com o orvalho deixado na ixória (é lindo, isto!), a aranha “congelada” num ar, que estupefato Antônio descobre que é uma teia invisível, que ela mesma recolhe quando necessário, a engenharia (eu diria inteligência) dos marimbondos tecendo a casa, e lá já deixando ovos... A maravilha da lagarta preta e suas incontáveis patas, as cores das vincas, sem repetição, o louva-a-deus...
Tudo isto, girassol se movendo. Não teríamos visto nada, se hoje não tivesse um belo Sol no céu. Basta que ele apareça, garanta a presença na manhã e já vai todo mundo se animando, caprichando no espetáculo também.
Agora que escrevo, ele já ensaia a despedida: tem gente precisando dele do outro lado do mundo. Vai lá, meu rei! Incansável, vai começar tudo de novo lá no Japão. E o mais bacana é que nem assim nos abandona. Esbanjando generosidade deixa a lua, a noite inteira, nos fazendo companhia, brilhando intensamente com a luz que é dele, também.

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