domingo, 25 de março de 2012

Mercedes

(Pra quem tem uma amiga guerreira chamada Mercedes Basilio. E pra quem ainda não teve o prazer de conhecê-la. A vida é boa.)
Nós não tivemos oportunidade de conviver por muito tempo. Foram algumas reuniões de trabalho. Depois vim para Iguaba e pouco nos encontramos, desde então.
Mas sempre que estamos juntas, um carinho enorme nos aproxima e convida ao abraço: somos amigas, mesmo assim.
Mercedes vem há algum tempo passando por provações em sua vida. Não temo a palavra provação. Muito pelo contrário, acho a provação uma dádiva. Poucos são os escolhidos por Deus para passarem por ela. Os que a vencem, então, raríssimos abençoados!...
Eu quero escrever isto hoje, e já está perto da meia-noite. Tentei dormir, não consegui. Preciso escrever esta “carta” pra Mercedes.
Minha amiga, quero lhe dizer da admiração com que fui para casa no dia de nosso encontro (em reunião de trabalho, também): você é uma guerreira!
É tanta vontade de gritar pra todo mundo ouvir que a vida é boa que, por mim, postaria neste blog diariamente. E eu estou, neste momento, com a imagem dos seus joelhos me sorrindo: a vida é boa.
Se eu pudesse dar a você um novo nome, a chamaria de Vida, daqui por diante. Eu não acompanhei de perto o que lhe aconteceu. Lembro-me de vê-la sempre acompanhada de uma bengalinha de madeira. E só. Depois, fui tomando ciência de seu estado de saúde pelas informações das pessoas no trabalho. Eu soube da primeira e da segunda operação. Superficialmente ia me inteirando do que acontecia...
Com o “advento” do facebook, estive ao seu lado na romaria para a operação. Foram orações, pedidos de doação de sangue, orações, expectativas, orações, palavras de ânimo, fé, coragem... Você foi, esteve e retornou. Eu fui, estive e retornei com você.
Vê-la na quarta-feira alegrou-me o coração: a mesma felicidade de sempre, o mesmo sorriso animado pelo batom vermelho, um tanto mais magrinha, logicamente... A bengalinha deu lugar a amparos mais fortes. Mas você estava radiante! Você se chamava Vida!
Conversas formais sobre o que lhe aconteceu, detalhes da viagem, da estadia, da operação, da recuperação... Falando a todas numa paciência como se não tivesse você suportado tudo aquilo, como se fosse um vizinho, como se contasse uma história de muito tempo atrás.
Mercedes. Mais uma para a minha coleção de admirados. Você me conquistou! E não foi quando chegou andando sozinha, independente, fulgurante, não. Foi no momento mais humilde da tarde. No momento em que nos mostrou os joelhos.
Eu vi os seus joelhos com as cicatrizes. E fiquei pensando: “como pôde esta mulher ter tido coragem de submeter-se à cirurgia do joelho direito, depois de enfrentar a mesma coisa com o joelho esquerdo?
Todas as lembranças das dores, dos sofrimentos estavam lá, na costura da perna esquerda. E Mercedes enfrentou – poderosa! – o repetir dos fatos, na perna direita, para salvar-se. Você se chama Vida, minha amiga. Seus joelhos disseram pra mim: “viva!”, quando você os mostrou.
Jamais esquecerei aquele momento. Deus me permita levar a lembrança daqueles joelhos e daquelas cicatrizes para sempre no meu coração. Talvez eu não tenha a sua coragem. Mas você me revelou que ama a vida, assim como eu.
Cicatrizes são troféus, agora creio. Ficam registradas, cravadas no corpo de quem veio ao mundo com a abençoada ousadia de viver, de superar seus próprios limites. Ora, Deus não quer um homem acomodado, ou não lhe teria dado tamanha inteligência. Deus quer o homem voando! Para isto deu-lhe mais que asas, deu-lhe sabedoria e força de vontade. Voa quem quer.
Não sei se termino este texto dizendo-lhe parabéns ou muito obrigada, Mercedes. Talvez minha obrigação seja a de dizer-lhe as duas coisas. Parabéns por receber de Deus este carinho especial de cuidar de você tão de perto!
E depois de ouvir de você que ler os meus textos faz parte de sua rotina diária – em tempos de recuperação de uma operação tão melindrosa! – só me resta agradecer. A você, pelo carinho inexplicável que sente por mim, e a Deus por tê-la posto em meu caminho.
Naquela quarta-feira, acredite, deixei de ser a Karla que eu era. Já sou outra, modificada. Deus tocou-me profundamente, e usou você para isto. Que privilégio o nosso! Segue em frente, amiga corajosa, que estou bem atrás, colhendo do que você semeia. A partir de hoje toda vez que eu fraquejar lembrarei-me dos seus joelhos. Lembrarei-me de você. Lembrarei-me de que, a despeito das (bem-vindas) provações, a vida é boa.

2 comentários:

  1. Karla Pontes, menina de olhar bonito, sorriso singelo, firme em seus propósitos, AMIGA! Alguém que sabe coisas..., que demonstra um potencial de ser admirável. Parabéns por essa postagem.
    Karla a vida é ótima!!!

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  2. Aprendo isto todos os dias, minha AMIGA! E Deus é tão bom pra mim que põe no meu caminho pessoas como Mercedes, como você. Obrigada por esse carinho que é recíproco e que ninguém explica, também.

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