(Este texto escrevi em homenagem a Antônio: uma janelinha anda se abrindo em sua boca, convidando-o a viver. Finalmente, o primeiro dentinho mole!!!)
Para mim, foi ontem. Eu olhava diariamente as gengivas rosadas de Antônio, então com sete meses, procurando por algum sinal esbranquiçado que me anunciasse a chegada dos seus dentinhos...
Para mim, foi ontem. Eu olhava diariamente as gengivas rosadas de Antônio, então com sete meses, procurando por algum sinal esbranquiçado que me anunciasse a chegada dos seus dentinhos...
Há dois dias, no entanto, Antônio, agora com seis anos, presenteou-me com uma novidade: o primeiro dentinho mole.
São as mesmas gengivas, rosadinhas, lindas, vigiadas diariamente por uma mãe ansiosa... Desta vez a espera era pela queda, não pelo surgimento dos dentinhos. Então, para Antônio, foi igualmente emocionante viver a experiência. Quando veio até a cozinha revelar-me o descoberto – um dentinho que se movia pra lá e pra cá – recebeu de minha parte um abraço apertado. Ali eu me despedia do meu bebê. Eu comuniquei a ele que agora começaria uma nova etapa em sua vida. Antônio chorou, comovido com meu discurso de mãe-quase-idiota. Ficamos assim, os dois, por alguns segundos abraçados (quem se lembra do “para sempre”?), sem dizer mais nada, como que sofrendo uma alegria. Sofrer uma alegria... é possível, hoje sei.
É sofrida essa alegria de ver o filho crescer. Agora que a janelinha se abre no sorriso de Antônio vejo a vida se lhe apresentando, convidando-o para explorá-la. E sinto meu corpo tomado por uma emoção indescritível: não sei se lhe digo para ir, ou se lhe imploro para ficar.
Coincidentemente (se é que isto é uma palavra que pode ser usada por alguém que crê em Deus), no mesmo dia em que soube do movimento do dentinho – ousado, querendo brincar – havia levado Antônio para uma nova escola (É, eu não resisti à Fifi...). Deixei meu filho no portão às treze horas, solicitei uniformes para ele, e saí. Quando voltei para buscá-lo, às dezessete horas, encontrei a minha espera um menino uniformizado, lindo, enorme, com as etiquetas da camiseta para fora quase como que esfregando em meus olhos um crescimento que eu teimava em não ver: Antônio, dentro de um uniforme tamanho 10, vestido como os outros, mochila nas costas, vivendo...
Eu não sei bem onde foi parar aquele bebezinho que eu punha sentado no sofá e abria a boca para tentar enxergar algum dentinho... Não sei se está tão longe, pois quando olho seu sono durante a noite, vejo aquela mesma cabecinha redondinha coberta por cabelos pretos que eu via ao retirá-lo do berço para amamentá-lo. E nessa mistura de passado – tão recente! – presente e o futuro que às vezes insisto em arriscar prever, segue Antônio, descobrindo a vida que lhe é própria, desprendendo-se de mim, desenhando os primeiros capítulos de sua história...
Janela aberta: eis a vida, meu menino! Vá gozá-la, porque é algo maravilhoso viver! Queira Deus que eu consiga entusiasmar Antônio com essa sensação que tenho de que Deus nos abençoa cada dia que nos permite abrir os olhos pela manhã e oferece um Sol lá fora... O dia, a oportunidade de fazer o bem, de ser e fazer alguém mais feliz.
O dentinho, primeiro de outros tantos que virão, será colocado sob o travesseiro, assim que deixar a boca de Antônio. E eu o porei lá orando, agradecendo a Deus pela vida do meu filho, por merecê-lo, por ter sido escolhida por Ele para apresentar Antônio à luz.
Hoje foi esta a emoção. Uma janelinha abrirá novos horizontes para Antônio, e eu preciso urgentemente me preparar para o que vem depois, embora eu quase possa jurar que, por mais que uma mãe se prepare, tudo é imaturamente emocionante numa hora dessas. Amanhã os dentes permanentes tomarão posse de seus lugares e receberão, um pouco mais a frente, os inevitáveis aparelhos ortodônticos e “Cia”. E serei mãe de um pré-adolescente, de um rapaz, de um homem, ainda que veja um bebê com os olhos do coração.
Isto é viver. Simples, quando tanta gente insiste em complicar. Faltou luz enquanto eu escrevia este texto, e Antônio já brincou arriscando todas as possibilidades de se divertir numa casa escura. Acho que eu, na idade dele, estaria chorando numa situação dessas... Mas meu herói é destemido, é cheio de VIDA. Mostra para todo mundo o dentinho que está prestes a cair. É criança. Sonha. Espera pela fada do dente. Dia desses me contou que deseja que a fada ponha mil reais no travesseiro. Riu. Estava fazendo piada comigo. E eu, velha boba, aos quarenta e três anos, posso dizer a quem quiser ouvir que meu melhor amigo é o meu filho, um futuro banguela, de seis anos de idade.
Hoje vi você e o Antônio indo ao mercado. Percebi a alegria em seu olhar Karla, entendo quando você expressa o sentimento tão lindo pelo seu filho dizendo neste texto a seguinte frase: "Meu herói é destemido, é cheio de VIDA." É lindo perceber o imenso carinho de uma mãe por um filho. As palavras expressam nada mais que a alegria de está perto de quem tanto amamos!
ResponderExcluirÉ isto, amiga! Obrigada pelo carinho...
ExcluirA cada dia você consegue transformar vida em poesia, poesia em vida. Seu "muso inspirador Antonio" tem muita sorte por ter escolhido, lá em cima ainda, a Sra.Karla como mãe e anjo de um menino de janela aberta para a vida. Lindo....beijos e saudades!!!
ResponderExcluirAntônio transforma minha vida em poesia... Simples, assim. Bjs, minha amiga, cheios de saudade...
ExcluirKarla, acompanhei, passo a passo (quase que literalmente) o crescimento do meu casal de filhos, mesmo com a carga de trabalho extenuante. Hoje ele com 16 e ela com 14, ainda me surpreendem. Para você ter um ideia, há, mais ou menos, 6 anos quando chegava à minha casa ao final dos 3 turnos de trabalho, beijei minha mulher e como faço sempre, fui até o quarto deles e me assustei ao ver o meu filho deitado em sua cama: os pés do "bichinho" já estavam para fora da mesma.
ResponderExcluirEsse "monitoramento" do crescimento (em todos os sentidos) de nossos filhos, rejuvenesce muito a gente.
Meus parabéns pelo belo texto, meus parabéns pelo filho e meus parabéns pela mãe que você é. A propósito, FELIZ DIA DAS MÃES!!!
Obrigada, Francisco! Antônio é um presente de Deus, uma raspinha de tacho que veio ao mundo para me ensinar a viver!... Tem muitas histórias dele por aqui. Depois vá olhando, com calma...
ResponderExcluirCom certeza não tardará e verei seus pés pro lado de fora da cama, também. Ele é um menino enorme para os seus seis anos. Ainda vem muita coisa por aí. Resta-me escrever Antônio...