Cresci ouvindo minha mãe dizer que Deus vê tudo o que eu
faço. Eu acreditei nisto, é claro. As mães são sempre convincentes! E acreditei
nisto até Antônio nascer. Aí, entendi a intenção da minha mãe com esta frase.
Às vezes me bate um desespero, também, ao criar Antônio, um medo de que ele me
esconda alguma coisa, daí lembro-me da frase que ouvi por tantas vezes... Eu
nem fazia tanta coisa assim, que merecesse aquela atenção toda especial de
Deus. Mas minha mãe optou por prevenir, a ter que remediar.
Antônio ainda não conhece o jargão. Eu tenho medo de apresentar
para ele. Mas a tentação é grande! Quando a gente cresce achando que Deus vê
tudo o que a gente faz, as coisas ficam bem mais complicadas. Eu não quero
complicar a vida de Antônio. Mas a minha mãe está perdoada. Mães fazem tudo
sempre pensando no melhor para os seus filhos, não foi diferente com Dona
Vanda...
Eu não sei se Deus vê, mesmo, tudo o que a gente faz, mas
sei que quando cometo erros um coração apertado me condena. E hoje estou
condenada: tomei uma atitude deplorável, indigna dos olhos de Deus. Eu julguei
alguém, mais uma vez.
Há uns meses escrevi sobre o perdão. Contei a história de
alguém que perdoou, enquanto eu julgava. Sim, já lá eu confessava este pecado
que me ronda, me tenta, me corrompe, me destrói. Tenho esse monstro dentro de
mim, não consigo expulsá-lo. E vim aqui publicar meu pior pecado, para ver se
consigo livrar-me dele.
Hoje eu atravessei uma pessoa com meus pensamentos e
sentimentos em relação às suas atitudes. Não me contive, fui levada pelas
forças daquilo que há de pior em mim e desabafei achando que, revelando meu
juízo acerca do comportamento dela, eu aliviaria meu coração. Qual o quê!
Graças a Deus, eu obtive resposta ao desabafo. E Deus me
disse que eu não sou ninguém para pretender julgar os outros. Um Deus
decepcionado comigo falou profundamente no meu coração com fonte vermelha: “Por que você não cuida da sua vida?”
A história é esta, mesmo, como estava escrito lá na minha
página do facebook: “Somos ótimos para detectar as falhas dos outros, mas
míopes para enxergar as nossas”. É, Deus falou-me também por lá.
Destruímos as pessoas com palavras. Se os homens prestassem
maior atenção nisto, acho que a gente nem precisaria de armas para matar, para
morrer... Às vezes nosso “bom dia!” fica sem resposta, e aquilo já nos causa
estranheza, não é verdade? Às vezes nos falta o complemento do pedido, o “por
favor!”... E, tendo o pedido atendido, fica-nos faltando ouvir o “muito
obrigado!”, de volta... Basta isto para magoar. Agora imagine acordar pela
manhã e receber “de presente” as opiniões que seu colega tem a seu respeito. Obviamente,
opiniões nada boas de se saber, sobretudo numa manhã de domingo, quando tudo o
que se quer fazer é descansar...
Deus vê tudo o que eu faço, porque minha mãe me disse isto há
mais de trinta anos, e Ele provavelmente ouviu. Agora, faz Sua parte, porque as
mães não podem ser tomadas como mentirosas, principalmente por seus filhos.
Então, faz-me companhia: me inspira, me aconselha, me protege, me abençoa,
opera milagres na minha vida, cura meus amigos, aumenta minha família, me
concede Antônio. E eu, pequena, mesquinha, desobediente, torpe, indecente,
retribuo tantas bênçãos com meus julgamentos preconceituosos a respeito das
pessoas.
Perdão, Senhor. Peço perdão, na mesma medida, à pessoa que
magoei hoje.
Quantos milhares de anos terão que passar para que as
palavras de um Cristo que guardou a pedra penetrem no coração do homem? Meu
coração igualmente sólido rejeita pessoas, num juízo tolo de quem acha que tem
tal direito. Quantos anos viverei ainda para aprender a guardar as pedras no
bolso?
Hoje o texto é um desabafo. Como foi um desabafo o ensaio
de besteiras que ajuntei nesta tela pela manhã e encaminhei por e-mail, dando
por garantido o meu ingresso para o inferno.
Eu não quero ir para o inferno. Quero conhecer o céu. E foi
por isto que minha mãe me contou que Deus vê tudo o que faço. Porque se eu
viver minha vida pensando nesta verdade dela, serei uma pessoa melhor ou, pelo
menos, estarei sempre tentando ser. Minha mãe só quis que sua filha ganhasse o
céu quando chegasse sua hora. Mães querem o céu para seus filhos. Eu quero o
céu para Antônio, e talvez não resista a contar a ele a verdade da minha mãe.
Por ora vou permitindo que tenha lá os seus segredos, porque por enquanto ele
os divide comigo...
Hoje aprendi a ensinar a Antônio a não julgar as pessoas. A
gente comete erros na vida para isto mesmo, eu creio. Para sentir na pele o
incômodo , e evitar que mais alguém o faça.
Sei bem como é esta dor. Senti, hoje. E arrependo-me de ter
começado o dia de forma tão pavorosa. Há quem diga que quando abrimos os olhos
pela manhã uma batalha entre o bem e o mal se inicia e é imprescindível que
digamos sim a Deus, para que o inimigo se afaste. Devo ter pulado esta parte, e
aberto brechas para os maus pensamentos. Cedi, fraquejei e, assim, saí pela
tela do computador humilhando o primeiro que encontrei na minha frente.
De tudo o que restou de mim por hoje, um conforto: acho que
Deus gosta verdadeiramente de mim. Fez com que eu refletisse sobre o que fiz,
fez com que eu me arrependesse, fez com que eu pedisse perdão a quem machuquei.
Nunca mais serei a mesma. E, se este texto de hoje puder
evitar que alguém cometa este pecado sem tamanho que é falar mal da vida alheia,
ficarei feliz por ter servido de exemplo para o que não se pode fazer.
É isto, menina. Esteja certa de que se eu pudesse, faria
com que o dia de hoje fosse apagado de nossa memória...
Parabéns Karla Pontes pelas preciosas sementes que vem plantando no coração de todos que lêem seus textos. Reconhecer e pedir perdão não são pra qualquer um não só você minha Amiga karla Pontes!!!
ResponderExcluirRs. É difícil, mas necessário!
ExcluirObrigada, Nicia!
Parabéns Karla! Pedir perdão é um gesto digno, que só os abençoados por Deus conseguem fazer. Estou cada vez mais feliz por ser sua amiga, você enriquece os nossos dias com seus belos textos e sobretudo com suas belas ações. Beijos
ResponderExcluirObrigada, Cleuza, por sua presença!!!
ExcluirParabéns pela atitude Karla, realmente é difícil, mas necessário, continue assim... Bjs
ResponderExcluirObrigada, Sonia!!!
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